Arembepe, o paraíso hippie da Bahia que encantou o mundo

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O Território Baiano fala sobre a aldeia hippie de Arembepe, localizada em Camaçari, Bahia. Um reduto de paz, amor e contracultura que, desde o final da década de 1960, atrai visitantes e moradores em busca de um estilo de vida alternativo. Conhecida por ter sido refúgio de personalidades como Janis Joplin, Mick Jagger e os Novos Baianos, Arembepe mantém viva a filosofia que a tornou famosa, resistindo ao tempo e às transformações do mundo moderno.
Origem: Onde a Contracultura Encontrou o Paraíso
A origem exata da aldeia hippie de Arembepe é um tanto misteriosa, sem um consenso sobre a data de chegada do primeiro hippie ou a fundação oficial. No entanto, relatos e um cartaz presente na própria aldeia, baseado no livro “Naquele Tempo, em Arembepe” de Beto Hoisel, descrevem a provável formação do reduto. Acredita-se que, no final dos anos sessenta, um “chincheiro curtidor” (pessoa que vivia de forma nômade e vendia artesanato) chegou ao local deserto, construiu uma cabana de palha de coqueiro e decidiu ficar. A notícia se espalhou discretamente entre outros “malucos” que buscavam liberdade e paz, e assim, mais pessoas foram chegando, construindo suas casas e se estabelecendo.
Arembepe, que era uma vila de pescadores, oferecia um ambiente ideal: natureza intocada, praia, rio, coqueiros e, principalmente, a ausência de fiscalização ou julgamento. Era um lugar onde se podia viver sem as amarras da sociedade tradicional, praticando o amor livre e desfrutando da natureza. O primeiro registro conhecido da aldeia foi a visita de Mick Jagger em 1969, imortalizada em uma foto onde ele aparece tocando bongô, rodeado por crianças na Casa do Sol Nascente. Essa casa, segundo moradores, era frequentada por pessoas ilustres, como cineastas, cantores e médicos, que buscavam um refúgio na parte mais recuada do Rio Capivara para viverem sua liberdade sem interferências.
Costumes e Frequentadores: A Filosofia de Paz e Amor que Permanece
Mesmo após décadas, a aldeia hippie de Arembepe mantém viva a filosofia de paz, amor, liberdade e harmonia com a natureza. Atualmente, cerca de 30 a 40 pessoas residem no local, a maioria artesãos, músicos, escritores e artistas diversos que encontraram ali um paraíso longe do ritmo frenético das metrópoles. Eles vivem em bangalôs rústicos, feitos de materiais como garrafas de vidro, madeira, barro e palha, e muitos se sustentam através do artesanato, vendendo suas criações em feiras locais ou em viagens pelo Brasil.
O estilo de vida na aldeia é marcado pela simplicidade voluntária e pela autossuficiência. Embora a aldeia já conte com água encanada e energia elétrica, o abastecimento nem sempre é regular, o que faz com que os eletrodomésticos sejam raros. Os próprios moradores são responsáveis pela construção e manutenção das casas e da infraestrutura. A comunidade preza pela troca de serviços: quem não pode pagar em dinheiro, contribui com trabalho.
Entre os frequentadores mais ilustres que passaram por Arembepe, além de Mick Jagger, destacam-se Janis Joplin, Roman Polanski, Jack Nicholson, Richard Gere, Michael Douglas, Ney Matogrosso, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Rita Lee. A presença dessas personalidades ajudou a consolidar a fama da aldeia como um refúgio da contracultura no Brasil.
Inicialmente, a chegada dos hippies não foi bem recebida pelos nativos de Arembepe, em sua maioria pescadores, que estranhavam o modo de vida e as vestimentas dos recém-chegados. No entanto, com o tempo, a percepção mudou. Os nativos perceberam que muitos hippies eram pessoas com formação acadêmica – médicos, doutores, cineastas, escritores – que buscavam uma vida mais tranquila. Essa troca de conhecimentos e a ajuda mútua, como o tratamento de doenças por parte dos hippies, estreitaram os laços e levaram a uma convivência mais harmoniosa e evolutiva entre as duas comunidades.
A Aldeia Hoje: Um Legado Vivo e um Ponto Turístico Importante
Apesar das décadas e das mudanças sociais, a aldeia hippie de Arembepe continua sendo um local de grande relevância cultural e turística. A sua história e o seu modo de vida alternativo atraem visitantes de diversas partes do mundo, curiosos para conhecer esse pedaço da Bahia que se tornou um símbolo da contracultura.
Recentemente, a Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria de Turismo (Setur), demonstrou o reconhecimento da importância turística de Arembepe ao reabrir o Posto de Atendimento ao Turista na localidade, conforme noticiado pelo Território Baiano. Essa iniciativa visa oferecer suporte e informações aos visitantes, destacando as riquezas naturais e as praias paradisíacas da região, além de fomentar o turismo local. A aldeia, com suas cabanas rústicas e a atmosfera de paz, é um dos principais atrativos, mantendo viva a chama de um movimento que marcou gerações e continua a inspirar um estilo de vida mais conectado à natureza e à simplicidade
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