Colapso na indústria petroquímica brasileira causa impacto no Polo de Camaçari

Foto: Divulgação/Ascom
O Polo Industrial de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, considerado um dos maiores complexos industriais integrados do Hemisfério Sul, enfrenta um dos momentos mais delicados desde sua criação, nos anos 1970. A crise que assola o polo é reflexo direto de um cenário preocupante vivido por toda a indústria petroquímica brasileira, marcada por retração, perda de competitividade e risco iminente de desmonte produtivo.
Empresas tradicionais que operam no Polo de Camaçari, como Braskem, Unigel e outras fornecedoras de insumos básicos, vêm registrando quedas significativas na produção, redução de turnos e, em alguns casos, desligamento de funcionários. A raiz do problema está no alto custo de matérias-primas como o gás natural e a nafta — principais insumos do setor — além da concorrência desleal de produtos importados, principalmente da Ásia e do Oriente Médio.
Segundo especialistas do setor, o Brasil tem enfrentado um processo de desindustrialização acelerada, agravado pela falta de políticas públicas efetivas de proteção e incentivo à produção nacional. A indústria química e petroquímica, que já foi um dos motores do crescimento brasileiro, responde atualmente por uma parcela cada vez menor do PIB industrial.
Em entrevista recente à imprensa, representantes da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) alertaram que o país está se tornando excessivamente dependente de importações. Em 2023, o déficit da balança comercial do setor químico ultrapassou a marca de US$ 60 bilhões. “Estamos importando produtos que poderíamos fabricar aqui, com geração de empregos e desenvolvimento tecnológico”, afirmou um dos dirigentes da entidade.
No caso do Polo de Camaçari, que já chegou a empregar diretamente mais de 15 mil pessoas e indiretamente outras 30 mil, a queda na atividade industrial impacta fortemente a economia local. Comerciantes, prestadores de serviços e a população do entorno já sentem os efeitos da retração, com menor circulação de renda e aumento do desemprego.
Diante desse cenário, lideranças políticas e empresariais cobram do Governo Federal medidas urgentes para resgatar a competitividade do setor. Entre as principais demandas estão a redução do custo do gás natural, a criação de políticas de defesa comercial contra importações predatórias e a implementação de um plano nacional de reindustrialização.
Enquanto isso, trabalhadores, sindicatos e a população de Camaçari vivem um clima de incerteza. O que antes era símbolo de progresso e modernização agora se transforma em um retrato da fragilidade da indústria nacional diante de um mercado global cada vez mais agressivo.