Quem for conferir a exposição “Reverberações – Refletindo a Impressão da Memória Africana” no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no centro, poderá refletir sobre as contribuições e trocas culturais que o Brasil possibilitou ao continente africano. A exposição propõe um mergulho nas interseções culturais entre o Brasil e África através das fotografias de Mudi Yahaya, um dos principais expoentes da cena artística da Nigéria.
Para o professor de literatura, Jão Ramos, não há lugar melhor para receber a exposição do que Salvador, que é a cidade mais negra fora do continente africano. Ele visitou a exposição e garantiu que retornará ao espaço com alunos da instituição pública que atua.
“É um privilégio conferir um trabalho desta magnitude pois lança o protagonismo a nossa população negra. Infelizmente no Brasil vivemos no apartheid e dificilmente a gente vê a população negra com protagonismo em qualquer escala social, seja ela pública ou privada. O racismo aqui é estrutural. Então ter um artista nigeriano apresentando esse trabalho magnífico é fazer um resgate, porque precisamos falar da Diáspora Africana”, finalizou.
Reflexão – Gestora artística do espaço, Jamile Coelho explicou que a ideia da exposição é que os visitantes possam refletir sobre como nós, de alguma maneira, influenciamos países que foram os principais portos negreiros em África. Jamile acrescentou, ainda, que o museu também tem um papel histórico no processo de ressignificar a história.
“Ele faz um recorte de Gana, Benin e Senegal e como os brasileiros e africanos que voltaram a estes portos levaram um pouco da cultura brasileira para lá. A gente se enxerga muito em todo esse processo. Também trazemos um recorte dos povos que em Salvador, a quase 190 anos, participaram da Revolta dos Malês. A revolta marca o ápice do processo escravocrata no Brasil e influenciou para que a Inglaterra fizesse o fechamento dos portos para que a escravidão no país acabasse”, detalhou.
As fotografias podem ser conferidas no Muncab até 21 de junho. O museu fica localizado na Rua das Vassouras, no Centro Histórico, e busca promover a preservação, produção e difusão da cultura afro-brasileira e diaspórica nas Américas.
O espaço pode ser visitado das 10h às 17h, de terça a domingo, sendo o último acesso até às 16h30. A entrada tem valor de R$10 (inteira) e R$5 (meia), sendo que a gratuidade é concedida às quartas-feiras e domingos, além de contemplar estudantes do ensino público fundamental e médio, crianças até 8 anos, pessoas com deficiência (com laudo médico), funcionários de museus e guias de turismo em atividade. Os ingressos podem ser obtidos através do link https://bileto.sympla.com.br/event/92445/d/247596 ou bilheteria local.
Reportagem: Joice Pinho/Secom PMS