Ex-diretora de presídio é acusada de facilitar fuga e manter relação com detento

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A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, foi indiciada por corrupção, facilitação de fuga, envolvimento com facções criminosas e suposto relacionamento com um interno da unidade. Joneuma Silva Neres, de 33 anos, é apontada como responsável por permitir a fuga de 16 detentos em dezembro de 2024. Até esta quinta-feira (3), apenas um dos fugitivos foi localizado morto em confronto com a polícia em janeiro.
As informações constam no processo obtido com exclusividade pela TV Bahia, quase sete meses após a fuga em massa. Além de Joneuma, outras 17 pessoas foram indiciadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), entre elas o ex-coordenador de segurança do presídio, Wellington Oliveira Sousa, que ocupava cargo de confiança da ex-diretora. Ambos estão presos.
Joneuma assumiu o comando do presídio em março de 2024 e foi a primeira mulher a ocupar o cargo na Bahia. No entanto, segundo as investigações, o período em que esteve à frente da unidade foi marcado por favorecimentos e regalias aos detentos.
O processo aponta que ela permitiu a entrada de itens proibidos, como roupas, ventiladores, sanduicheiras e até freezers. Wellington Sousa, ex-coordenador de segurança, relatou em depoimento que as permissões beneficiavam principalmente Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, um dos fugitivos e apontado como líder de uma facção criminosa ligada a um grupo do Rio de Janeiro.
Sousa revelou que Dadá recebia visitas sem qualquer inspeção e que a então diretora autorizava encontros a sós com ele na sala de videoconferência, onde tapava a janela com uma folha de papel. Há ainda relatos de um suposto relacionamento amoroso entre os dois dentro da prisão.
A defesa de Joneuma nega as acusações. Em entrevista à TV Bahia, a irmã e advogada dela, Jocelma Neres, afirmou que não houve envolvimento com o preso e que a ex-diretora está sendo responsabilizada injustamente. “Ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu”, disse.
Joneuma foi presa em janeiro deste ano, já grávida. O bebê nasceu prematuro e segue com ela na cela do Conjunto Penal de Itabuna. A família teme pela saúde da criança. “O presídio não é lugar para um recém-nascido”, desabafou Jocelma.
Outro advogado da defesa, Artur Nunes, alegou que algumas concessões feitas aos internos eram estratégias para manter a ordem na unidade prisional. “Negociações são comuns nesse ambiente para evitar conflitos”, justificou.
*Com informações do G1 Bahia